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Saúde bucal de mãe para filho


Matéria publicada por Camila Kosachenco para a Zero Hora de sábado e domingo – 5 e 6 de março de 2016.

Que cuidar da saúde bucal faz parte do rito diário de higiene, todo mundo sabe. O que talvez poucos lembrem é a importância de zelar por isso durante a gravidez. Apesar de alguns procedimentos serem contraindicados durante o período, a atenção deve ser redobrada, pois um descuido pode, inclusive, provocar um parto prematuro.

Conforme o dentista José Henrique Sasso, do Hospital Mãe de Deus, a boca é a porta de entrada para muitas doenças e, por isso, necessita ser tratada junto com a saúde geral da mulher. Bons hábitos de higiene bucal e uma alimentação saudável são os pontos de partida para uma gestação segura. O alerta é compartilhado pela Cirurgiã-dentista e mestre em ortodontia Mariana Bridi Moschetti:

­– O organismo da gestante passa por uma grande variação hormonal e isso promove uma série de importantes alterações relacionadas a cavidade bucal. Dentre elas, podemos citar hiposalivação, facilidade de desenvolvimento de gengivite, enjoos que dificultam a higiene bucal. Essas alterações podem aumentar a incidência de cárie e desenvolver doença periodontal. Porém, tornando os devidos cuidados, pode-se ter controle sobre isso.

Para fugir desses problemas, a dentista orienta que seja feita uma escovação correta após as refeições, associada ao uso do tio dental e de creme dental com flúor. Também é recomendado reduzir o consumo de açúcar e manter a rotina de visitas ao dentista. Além disso, as futuras mamães podem procurar especialistas para fazer um pré-natal odontológico, que consiste em manobras orientadoras e preventivas para a manutenção da saúde do bebê, com vistas à integridade dos dentes, equilíbrio e harmonia da face.

– A gestação não é causa direta de problemas bucais. Entretanto, as alterações hormonais que ocorrem no período podem favorecer condições pré-existentes e gerar desconfortos à mulher – diz Sasso.

Fora esse desconforto, algumas complicações na boca podem acarretar

no nascimento prematuro do bebê, como ocorre no caso da periodontite, processo inflamatório crônico de todos os tecidos localizados ao redor dos dentes.

– A placa bacteriana presente, composta por microrganismos que podem migrar

para a corrente sanguínea, ocasionando a liberação de prostaglandinas (ácidos graxos com atividade hormonal), favorecendo antecipação do parto – explica Mariana.

Cuidados se estendem aos recém-nascidos

Durante a gravidez, a mulher pode realizar procedimentos básicos de higiene, como profilaxias (limpeza) e restaurações. Já o tratamento de canal ou pequenas cirurgias devem ser adiados, sendo indicados somente em casos urgentes.

Depois do parto, a mãe deve ficar atenta à boca do recém-nascido, que precisa ser higienizada com uma gaze umedecida com água filtrada após cada mamada. Gengivas, língua e bochechas devem fazer parte do ritual de limpeza para retirada dos resíduos do leite materno.

– Outro fator importante, quando o bebê já cresceu um pouquinho e deu início ao consumo de alimentos variados, é não experimentar a comida da criança antes de levar a boca da mesma, pois pode ocorrer transferência de bactérias – orienta Mariana.

Dedeiras e escovas pequenas e macias devem ser incorporadas à rotina diária logo após a erupção do primeiro dente.

Mitos e verdades sobre a saúde bucal durante a gestação

A mulher perde cálcio durante a gestação

Mito – O cálcio necessário para a formação dos dentes do bebê provém da alimentação da gestante, mas os seus dentes não participam do processo de captação e nem sofrem qualquer dano.

Gestantes não podem fazer procedimentos com anestesia

Mito – Elas podem, com o anestésico local adequado para cada caso, de preferência sem vasoconstritor.

A gestação pode causar cáries e perda de dentes

Mito – A cárie e consequente perda de dentes é provocada pela alimentação desregulada, rica em carboidratos, junto da falta de higiene bucal.

Gestantes não podem fazer raio-X

Depende – O ideal é que a gestante realize todos os tratamentos odontológicos invasivos antes de engravidar. Quando necessário, e com a correta indicação, os exames radiográficos devem ser feitos no segundo trimestre da gestação.

A periodontite pode causar parto prematuro

Verdade – A doença periodontal estimula o aumento da produção da prostaglandina, uma substância hormonal responsável indiretamente pelo aumento das contrações intrauterinas, podendo acelerar o trabalho de parto.

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